Ás vezes nem reparo na dor e no sofrimento dos outros, vivo muito depressa, tenho sempre muita pressa de viver, sempre fui assim... Sempre vivi todos os dias como se fossem os últimos, talvez com o medo de perder a vida. A morte é tão violenta e abrupta que me assusta, decido todos os dias não pensar demasiado nisso e levar o meu fogo a todos os sítios, falar muito e rir muito. Levo tudo ao máximo, a melhor opção para mim. Escrever torna-se a digestão disto tudo, do meu dia a dia, da minha grande paixão pela cor da vida, da minha grande e grande paixão, o André. E quero salvaguardar todas as memórias bem presentes ou não, neste baú. Choremos todos porque chove e demos valor aos que já foram e ainda mais aos que estão. Choremos, com a chuva na cara, como eu faço, sentiremos a pureza da realidade, a vida e a morte, tudo confuso e negro, sem definição possível, compreenderemos Deus e suas salvações, acredito. Choremos, com a chuva e a trovoada e sentiremos a raiva em nós e a calma em simultâneo. Choremos porque chorar é razão e vivência. Chorar, não de tristeza, mas de alegria por estar aqui, em tempos longínquos ou não do fim desta Humanidade, sem perceber muito bem qual é o meu papel e a minha missão, ligando-me a uma única alma, meu André, sentindo uma única flecha, meu abrigo, minha Literatura, unindo-me ao mar e ao céu, neste compêndio de mistérios. Não morri, não vou morrer porque quem acredita é eternamente vivo. Fantástica Natureza, linda luz que me acalma a dor e me salva desta dor de ver os outros mal. Meu céu, meu mar.
2 comentários:
escreves duma forma tão pura.
dá tanto gosto ler-te.
Às vezes penso que gostava de ser mais assim, viver cada dia como se do último se tratasse, aproveitar ao máximo, não sobrevalorizar as coisas insignificantes, sorrir por cada minuto que passa e por poder senti-lo a passar. Mas a verdade é que por mais que tente não consigo ser assim, não sou assim.
Por isso dá-te por feliz por seres assim :)
Está lindo, como sempre Daniela.
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