sábado


É talvez a maneira mais forte e fofinha que tenho de me sentir ligada a ti, todos os dias e todas noites. Ouço agora, no murmurar da noite, o som baixinho das teclas do piano e o vento bate-me na cara. Tenho a porta aberta, sigo com as pegadas tuas quase de certeza. Porque são pegadas seguras. Cheira-me a ti. Áquele aroma suave e tão único que me faz lembrar o calor dos teus abraços no frio das noites. O cheiro que me envolve em tardes e noites compreendidas pelos Deuses. As tuas bochechas a roçarem-se nos meus lábios. Sonhaste, com a minha cabeça no teu peito, olhando eu as estrelas e depois olhar-te e sentir como és o meu herói. Ás vezes pareces algo de inatingivel por seres tão perfeito, tão honesto e tão fofinho. Ás vezes, questiono-me como é possivel este rapaz, envolvida pelo orvalho da madrugada no intelecto, talvez ainda baralhado com as inconformidades desta vida lunática e real, simultaneamente. Deixo fluir os pensamentos, concentrando-me só em ti e escrevo sempre para ti, porque és o meu centro, o meu apoio e a minha base. Também queria compreender este mundo, mas nem toda a gente me pode ajudar, somente o André. Tenho medo de parecer uma criança iludida com um príncipe encantado como aqueles só dos contos bonitos que começam sempre com "era uma vez" e acabam sempre com "foram felizes para sempre". Quando entrei na fase mais madura da minha vida, apercebi-me que esses contos eram irreais e só faziam parte do elenco da infância. Vi demasiadas coisas, senti determinados sentimentos, senti que as pessoas têm duas faces e são como actores de hollywood, senti que magoam e eu magoo, senti que há diferentes personalidades mas que ninguém é perfeito. NINGUÉM. Agora, volto á minha infância. Acredito em príncipes e nos contos com finais felizes. Posso bater com a cebça na parede de uma forma muito forte mesmo, posso até vir a chorar muito. Mas pelo menos agora vivo um sonho e vou sentindo o sangue a subir enquanto as palavras me saem. Eu amo escrever. E quem seríamos nós afinal, sem amar? O amor não nos faz pensar nas consequências, o amor é um fruto. O amor é tudo o que precisamos para ser felizes. Deixem-me ser ingénua, sonhadora e criança. Deixem-me acreditar que há um príncipe, que faz tudo por mim e que me ama como nunca ninguém amou, que tem o sorriso sem igual, que tem a personalidade mais bombástica de sempre e a simplicidade mais bonita e forte de todos os tempos. Deixem-me. Ficar iludida porque é na ilusão que me salvo de todo o resto. Deixem-me. Caminhar sem rumo porque é no mistério que encontro a perfeição. Deixem-me. Dedicar-me totalmente a ele porque é nele que encontro o que tenho para dedicar. Dedico a alma, o corpo, a escrita, a minha boca. Os meus lábios. Deixem-me. Ficar presa a ele porque é o cadeado mais emocionante que já me puseram. Deixem-me. Cometer loucuras porque ele é loucura. Sangue do meu sangue, veias das minhas veias. Unidos desde sempre. Como um irmão. E nunca tive tanto orgulho em dizer que tenho um namorado porque nunca o tive a sério. Parece um ponto bem definido na minha vida, o André. E eu não posso falar mais, não posso adivinhar o futuro porque nem ele está agora. Vou descobrindo cada vez mais a tua boca, as nossas tardes e noites juntos. Vou sendo o que nunca fui. E digo-te que te amo para sempre, porque é uma convicção e um desejo tão grande que o quero até ao fim dos meus dias. Isto é tão forte, imaginando nossos rostos juntos depois de tudo, como se fosse uma história que apreciasse de fora. Desculpa por tudo, por todos os ciúmes loucos, por todas as vezes que te desprezei e não te deixei mais, por todas as loucuras. Desculpa. Desculpa por te amar tanto e isto se tornar um bocado obcessivo e não me poder controlar em muitas coisas. Gosto tanto de ti. Sente que não me arrependo de ter conquistado todas as vezes o teu coração, ter-te prendido a mim. Não me arrependo de te ter dito não durante meses e agora ter-te comigo por mais meses. Foste um momento e continuas a sê-lo. Momento vivo em todo o meu corpo. Perdoa-me tudo. Perdoa-me a arrogância de sempre e a mania de ter sempre razão, perdoa-me os passos sem certeza, perdoa-me o egoísmo e perdoa-me o ciúme. Mas és tão extenso em mim, vagueias nas minhas veias. Mais que tudo, eu louvo-te. A Deus. E nunca hei-de esquecer o teu cheiro meu amor, aquele que só eu sei tão bem decifrar. Sem igual.

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