sexta-feira

Vivia naquelas ruas onde o passado ainda morava mas a vizinha tivera-me contado que ele ia emigrar e eu, discretamente sorri. Sem querer, fui dar conta dum baú cheio de felicidade, dos meus ursos de peluche, das minhas agendas que se transformavam em diário, das fotografias na praia e os castelos na areia, das cassetes do saul e da ana malhoa com o macaco buerere. Do cheiro a pequena, das missangas, dos colares semicompletos, das pulseiras amarelas e gastas.
Tinha saudades de me por á janela e gritar a minha liberdade, largar tudo e poder viver feliz. Mas - e porque é que tem de haver sempre um mas ?- a maresia estava baixa e os pássaros estavam de greve e fizeram-me recuar, ficar rouca de não gritar, sorrir sem chorar.

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